Sunday, September 30, 2007

Não, senhor Secretário de Estado


Alguém teve tempo para ler a crónica de Maria Filomena Mónica, no "Público" de hoje , domingo, dia 30 de Setembro???

É melhor NÃO ler...

E, como o dito jornal não deixa ler as notícias, crónicas e etc... da edição impressa on-line, a não ser a assinantes, eu, que comprei o jornal, partilho-a...

... para ver se NINGUÉm lê.
Nota: NÃO fazer duplo clique sobre a imagem, porque, desse modo, lê-se mesmo bem!!!

Saturday, September 29, 2007

Sótãos


Um dia qualquer, já Outono, andei pela praia e a areia morna entrou nas sandálias sem ser convidada.

Esta tarde , o Outono não deixou dúvidas e obrigou-me a abandonar numa caixa as sandálias. E levou-me aos armários a mudar roupa e sapatos.

Enfiei umas tralhas no sótão. Não sei por que razão metemos tanta coisa no sótão, sempre com a ideia de que, um dia destes, podemos vir a precisar de algum daqueles objectos. Durante a maior parte do tempo, esquecemo-nos deles completamente. Se , uma vez por acaso, nos lembramos de algo e vamos lá procurá-lo, quase nunca o encontramos... Então para que servem os sótãos das casas?

Quando chega o Outono e nos entra pela casa dentro, nostalgicamente, o Verão refugia-se no sótão... das recordações... juntamos-lhes as outras estações e vem a melancolia de uma vida a passar...

Thursday, September 27, 2007

Listas


Eu sei: estou atrasada. Ainda nem sequer fiz a lista das prendas de Natal, quando, por esta altura, em anos anteriores, até já tinha comprado algumas. A minha irmã do meio num destes dias, em conversa no messenger, proclamou em letrinhas coloridas com uns bonequinhos engraçados à mistura ( andamos mesmo actualizadíssimas!) que eu já podia fazer anos e festejar o Natal, quando quisesse, que as minhas prendas estavam compradas… Prefiro cumprir o calendário, mesmo assim. Mas enfim, este ano, o Verão passou muito depressa. Estava eu à espera dele em ondas tremendas de calor e ele passou sossegadinho ( a Meg vai protestar, mas eu não tenho culpa que ela viva mais perto do Equador – não o livro do Miguel , não, simplesmente a linha imaginária , essa , que separa o Norte do Sul e dizem que é por causa dessa linha que não vivemos as estações do ano ao mesmo tempo, andamos com as voltas trocadas) e, agora, dou conta que corre pelas noites um ventinho diferente, embrulha-se na folhagem aqui à porta e anda em segredos tardios pela escuridão fora…De repente, dou comigo, atolada em montanhas de papel, a bem dizer, nem é papel, é mais páginas de computador que depois, de qualquer maneira, se transforma em resmas de papel. Andam uns senhores muito vistosos, bem vestidos a gritar aos quatro ventos ( deve ser mesmo por causa da chegada do Outono; no Brasil, o Óscar Luiz lembrou que lá , do outro lado do Atlântico, em terras uma vez chamadas de Vera Cruz, começou a Primavera…) umas trapalhadas sobre novas tecnologias com umas palavras muito sofisticadas que só eles, bem perfiladinhos compreendem, cheios de cifrões ( já não existem cifrões, era do tempo dos escudos , agora é um símbolo com cara de euro…) a brilhar e que nenhum dos simples mortais vê a raiar por este país… e falam e falam de inovação e modernidade e muitas vezes palavras terminadas em -ão e -dade e eu fico perplexa , quando me vejo obrigada a preencher tantos documentos sobre uma só e única pessoa não sei quantas vezes , quer dizer , até sei : o nome de X e o nome dos pais e profissões e habilitações literárias , por exemplo, que já constam no boletim de matrícula informatizado ( mas que passa a papel em cada ano) e que se repete na ficha biográfica que os pais preenchem para o dossiê de turma, noutra ficha para retirar dados para o projecto tal e coisa, mais a folha da caderneta , se eu achar conveniente, e, como se não bastasse, retirar os dados da dita ficha e colocá-los numa grelha e reproduzir dados e grelhas quase até ao infinito, em várias versões…no computador e , depois, tudo em papel e ando de "pen" para cá e para lá…a fingir que estou ( sou) muito moderna…E, quando penso ( nessa altura, acho que já nem penso , fico automatizada ) que vou dar por concluída a tarefa, há sempre um malvado papelinho… à minha espera. Bendito Simplex! Dizia eu que me vejo anestesiada com tanta grelha… E, se , da rua me virem, através da porta-varanda, com os braços no ar, uma vez e outra, no meu canto do computador, como se fosse uma maestrina maluca, ao som de D. Shostakovich- Waltz nº2 from Jazz suite que ouço a partir de http://www.osbigodesdegato.blogspot.com/, ninguém estranhe.


Pois! E estou atrasada , já disse.Vou fazer a lista das prendas de Natal.

Wednesday, September 26, 2007

Lua cheia

A lua tombava
em cheio
sobre as árvores
e a sombra
estatelava-se
no chão
desamparada.
O vento
bisbilhotava
entre as folhas
num bulício
nocturno
e inquieto
de outono.

Friday, September 21, 2007

A casa dos avós





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A casa.
A casa que foi dos meus avós.
A casa com aquelas janelas da sala.
A sala enorme com uma mesa comprida e pesada.
A mesa dos almoços fartos e longos de domingo.
Abríamos a janela e colhíamos cachos de uvas negras “mouriscas”.
Os cachos de bagos redondos e gordos.
Trincávamos entre os dentes os bagos rijos.
Os bagos desfaziam-se dulcíssimos na boca.
No andar de baixo, havia uma porta.
A porta dava para a adega e para o lagar.
Do lagar subia em tempos vindimos o aroma do mosto.
Junto ao grande portão de madeira, desciam meia dúzia de escadinhas de pedra.
No Verão, corria pelos degraus, vinda de longe, uma levada de água abundante e fresca.
A água corria das poças, encaminhava-se pelos regos cuidados até aos campos de milho.
À tardinha, ainda o calor ardia nas pedras, três garotas riam.
As garotas chapinhavam, exuberantes, na cascata particular à porta da casa.
A casa dos avós.
A casa.

Thursday, September 20, 2007

Tuesday, September 18, 2007

Power of Schmooze Award



Não faço a mínima ideia de onde surgem estes e outros prémios que cirandam pela blogosfera em danças e contradanças... ( este parece - olha que eu digo parece- que surgiu daqui - http://thingsbymike.com/about/power-of-schmooze-award de um tal Mike)

Sei que a Papoila ganhou um , bonito, poderoso, ainda por cima azul... a combinar contrastando com a cor preciosa das suas pétalas...

Vai daí , amorosa, como sempre, põe-se a distribuir, magnânima e simpática ( sei quem vai gostar , mas que torce o nariz às "cadeias" , "correntes", e sinónimos... e vai fazer um discurso sobre o assunto... ah lembro-me de repente que não vai ser apenas uma personagem... ) e , vejam bem, olhem lá bem para ele tão vistoso, calhou-me um a mim... Eu não vinha escrever sobre nada disto, mas agora tenho que reflectir sobre o assunto e ofertar mais cinco e é difícil, tão difícil... Depois, a primeira regra, devia dispensar-me de nomear blogues que o outro prémio referido , também o recebi e distribuí... mas isso não deve interessar para nada e já vai há algum tempo... Sendo assim, vou meditar um bocadinho... É que uma pessoa acaba sempre por ser injusta , quer queira quer não...

"Este prémio é uma tentativa de reunir os blogues que são adeptos aos relacionamentos "inter-blogues" fazendo um esforço para ser parte de uma conversação e não apenas de um monólogo".

Schmooze: (Verbo) fofocar, jogar conversa fora, trocar idéias. (Substantivo) conversa, bate-papo.

Regras:

1. Se, e somente SE, você receber o "Thinking Blogger Award" ou "The Power of Schmooze Award", escreva um post indicando 5 (cinco) blogs que tem esse perfil "schmoozed" ou que tenha te "acolhido" nesta filosofia. (se não entendeu, leia a explicação no parágrafo anterior de novo).

2. Acrescente um link para o post que te indicou e um para o post do Mike, para que as pessoas possam identificar a origem deste meme.

3. Opcional: Exiba orgulhosamente o "Thinking Blogger Award" ou o "The Power of Schmooze Award" com um link para este post que você escreveu." ( Nota minha ... Isso é que era bom... que eu conseguisse fazer isto... sem pestanejar!!!)

Depois de uma meditação breve que tenho outras questões a que atender, atribuo este Power of Schmooze Award aos seguintes blogues ( não vou atribuir àqueles já presenteados pela Papoila que eles ainda me atiram um livro à cabeça... com boa intenção e numa grande risota...mas podem-me atingir, sem querer!!!) e tenham lá paciência, os links... ao ladinho:

Porca da Vila lá pela Braganzónia

Simplesmente Kaotica

Cidadão do mundo MIXTU

Bell in Savebybell

O poeta na voz da romãzeira

Monday, September 17, 2007

Hino às Mulheres

A canção ELLA, cantada por Bebe é um verdadeiro Hino às Mulheres. Chegou-me por via de uma grande Mulher, uma verdadeira Princesa, que habita ali a três ou quatro quadrículas do Passeig de Gràcia, na cidade de Barcelona e eu dedico-a a todas as Mulheres, ( aos Homens também , aos que têm grande apreço e carinho por Elas!!!) , em particular àquelas que têm a paciência de me visitar com uma regularidade fora do comum... e muita amizade. Aproveitem, levantem-se aí da cadeirinha junto ao computador e dancem... Isso: que maravilha!

Para o caso de não terem notado nada: Repararam que consegui colocar aqui um vídeo? SEM ajuda!!! Batam palmas... Muito obrigada ( vénia)!

Ella

Sunday, September 16, 2007

OS LOBOS

São OS LOBOS. Jogam rugby. Ninguém previa que uma equipa amadora chegasse aos Mundiais. Ninguém previu a transmissão em canal aberto de um ( apenas um!!!) jogo que fosse para os apreciadores ... tem que ser previsto para ser publicado no Diário da República! ... E vai daí eles vão, dão uma lição de profissionalismo e de amor ao desporto... e conseguem, dentro e fora de campo, o respeito de todos, adeptos (e não só) e jogadores, incluindo os All Blacks, campeões mundiais... porque também respeitam os adversários e jogam com alma e com alegria... e, porque lá bem dentro de cada um de nós, apesar da nossa sina de fado triste congénita, temos ( quero eu crer!!!) uma luz igual àquela que sentimos neles, nós nos orgulhamos e nos emocionamos e queríamos todos ser como eles . Sem vergonha. Sem subserviência. Sem miserabilismos. Mesmo quando não vencemos. Respeitados por todos. Como deve ser apanágio de um Estado independente!!!
E sei que alguns me vão entender! E mais não digo!

Para vê-los e aprender a cantar o Hino Nacional sem pejo:

http://videos.sapo.pt/QTSrOnViqmRjsitCmPGO

Saturday, September 15, 2007

Fim de tarde...

Eu abri a página do blogue para escrever sobre as nuvens que , a princípio da tarde, se amontoavam brancas em castelo, entre nesgas de céu azul e o brilho da luz do sol que se reflectia nos flocos de algodão; alguns foram ficando cinzentos e o vento tentou empurrá-los para longe. Agora postaram-se em círculo ao longo da linha do horizonte em vigília. Mas , enquanto o blogue abria e não abria, fui espreitando umas notícias e dei-me com esta no "Público" on-line, última hora ( ainda não, não aprendi a fazer o link para se ler a notícia toda, mas vou ter um ano para aprender , creio eu, se a isso me dispuser, tenho que fazer uma lista enorme ...http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1304969) :

«Homem morre após ambulância ter estado parada por ordem da BT
15.09.2007 - 12h51 Lusa
Um homem morreu quinta-feira "poucos minutos" após entrar no hospital de Ponte de Lima, depois de a ambulância que o transportava ter estado parada "perto de 20 minutos" à ordem da Brigada de Trânsito, denunciou hoje um seu familiar.
(...)
Contactada pela Lusa, fonte da empresa "Ambulâncias Arcuenses" que assegurava o transporte da vítima, garantiu à Lusa que o motorista alertou a BT para o facto de na viatura seguirem dois "doentes urgentes".
Apesar disso, a ambulância ficou ali retida "algum tempo", para "cumprimento de formalidades de trânsito", nomeadamente dois testes de alcoolemia, após o que a BT terá então dado ordem para a viatura seguir para o hospital."
A Brigada seguiu a ambulância para se assegurar, junto do hospital, se o caso era urgente ou não e decidir se autuava ou não pela utilização das luzes de emergência. Acabou por não autuar", disse a mesma fonte.
(...)»


Um pássaro, daqueles que planam em frente à minha varanda de vez em quando, passa veloz em direcção às árvores, quedas em fim de tarde...

Tuesday, September 11, 2007

Realidade?


Enredei-me toda a noite nos lençóis, sem dormir, enleada em papéis... que me massacravam a cabeça... Tentei descansar recorrendo às imagens do mar: o mar da Concha, o mar de Espinho, o mar da Vagueira, o mar de Sesimbra, Atlântico e poderoso, o mar Adriático, calmo e quente, o mar Mediterrâneo, o mar... Acordei ao toque da campainha. O sol , esse, magnífico, o calor em dose perfeita. Atravessava a rua um casal de braço dado e ela trazia um fresco vestido curto às flores. Pelo dia fora , continuei afogada em papéis e decretos e leis e despachos e portarias. E tenho a sensação bizarra de que a noite chega mais cedo e eu ainda teimo na ilusão do Verão...

Monday, September 10, 2007

Da Tv...

Um psiquiatra espanhol, na televisão espanhola, questionado por uma jornalista espanhola, acerca da actuação da Polícia Portuguesa, no caso Maddie, respondeu, sem hesitação e com toda a convicção, que a Polícia Portuguesa é das melhores da Europa e que os seus investigadores são totalmente dedicados ao trabalho!




Eu não percebo nada de râguebi ( leia-se assim mesmo!) , a primeira vez que ouvi falar deste desporto foi há mais de trinta anos em viagens de Coimbra- Anadia - Coimbra pela voz da minha colega Graça Cantante ( o marido era jogador da modalidade!) , mas não sei nada mais desse jogo, mas aquela garra, aquela fibra das imagens em que, a chorar, aqueles HOMENS cantaram o Hino Nacional, com alma e sem nenhuma vergonha emocionou-me , que querem ? Não vivo só para os papéis!!!... Tivessem outros desportistas aquela chama!!! ...

Saturday, September 08, 2007

Calma


Fui andarilhar pela cidade. A temperatura convidava, soberba.

Atravessava as ruas e travessas um silêncio calmo. No jardim, as folhinhas das árvores nem mexem e as flores recolhem o sol de corolas erguidas e tranquilas.

Tuesday, September 04, 2007

à janela

Encostada à janela, olho descuidadamente a árvore: em redor dela, uns pardalitos em acrobacias geniais, rasando os telhados, regressam metódicos aos ramos escondidos entre a folhagem...

Não tarda nada , eu vou estar afogada em papéis...

Encostada à janela, deixo correr a textura do tempo.

O sol poisa no restolho e ainda é Verão!

Saturday, September 01, 2007

Setembro

ouve-se o sossego



na praça,



vozes baixas



nas escadas



junto à catedral;



folheio o jornal



muito devagar,



bebo um café



melancólico;



do miradouro



no quadro bucólico



da paisagem



nem quase aragem:



rodam num torpor



comedido as hélices



dos monstros eólicos



encarrapitados



especados



num céu pálido.