Wednesday, January 31, 2007

Arco-íris















Desceu do espaço
Inopinadamente
Lançou as raízes
De repente do céu
Cinzento escuro
Do meio das gotas
Da chuva em cordas
Um raio de luz
Branca dispersa
Em nítidas cores
E fez-se ponte
Transitório efeito
Em arco perfeito.

Tuesday, January 30, 2007

Parole... parole... parole...

Às vezes, põem-se a olhar para mim com cara de parvos: parece que só eu é que uso certas palavras. O pior é que eu , depois, não estou para explicar que algumas pessoas não têm vocabulário nenhum, porque era muito incómodo e as pessoas , elas mesmas, podiam pensar que eu estava a chamar-lhes incultas ou ignorantes. Se calhar, estou, mas isso fica com os meus botões, ninguém tem necessidade de saber, muito menos em época pós-Natal e Ano Novo e Festas e o Carnaval quase aí e tal. Não sei se é por isso, mas, enfim, é melhor não dizer nada, embora os Sagitários tenham a mania de ser muito frontais, com a idade acabam por achar que nem vale a pena, que dá muito trabalho ser tão frontal, que as pessoas podem ficar todas enxofradas. Pronto! Lá estou eu… alguém usa uma palavra como enxofrado? Ninguém! Ainda por cima, tenho que garantir que a palavra existe mesmo, que é só consultar um dicionário. Aliás, eu tenho um dicionário formidável. Lá estou eu…a usar formidável em qualquer circunstância… mas não é bonitinha esta palavra?… Até uma caldeirada é formidável, o que também ninguém diz…mas não pode estar porquê? Formidável? Se não estivesse é que era uma consumição!!!
Consumição, também não se pode dizer porquê? Até é uma palavra muito expressiva: vê-se logo que uma pessoa está roída de preocupação, nem é preciso dizer mais nada…
Mas não: é um ar de espanto, uns risinhos…
E trouxe-mouxe não é uma palavra tão castiça? Lá está ela, toda catita, no dicionário a rir-se com os seus “ou” toda insinuante…
E gentil não é um vocábulo lindo? Se uma pessoa é gentil nem é preciso adjectivá-la mais: já se sabe que é doce, querida e atenciosa!!!
Se ainda fosse o Manolo, que é todo versado em palavras difíceis, tanto em português, como em espanhol, como em francês… ainda compreendia o espanto, agora eu, que emprego palavras tão corriqueiras, ( às vezes até só sou capaz de dizer as ideias, as que não me surgem em português, em espanhol e, mais raramente, em francês, mas isso é outro caso, é por estar sempre a ver televisão em canais estranhos)… Mas, se ele fala difícil, tudo fica boquiaberto a escutar a sua erudição, sempre com aquela pronúncia raiana cativante. Cativante igualmente a conversa , claro!!! Agora se dou um pezinho de palavras muito próprias, logo vem alguém “mas por que diabo usas essas palavras? Ninguém diz isso!!!” Ninguém que é como quem diz… Todos menos eu…Eu rio-me muito, sou sempre muito exuberante! Mas devia ficar sorumbática, muito sorumbática até que ninguém se espantasse com o meu vocabulário particular…. Já tentei, mas não sou capaz, não está no meu espírito… Por isso é que deixar de usar palavras que ninguém mais usa não estará nunca na listinha de “coisas a fazer” nem este ANO nem nos seguintes!!!
E não sei porquê, veio-me hoje à lembrança o sabor das amoras maduras no verão das terras dos meus avós... Não sei que ligação pode esta recordação ter com as palavras...

Saturday, January 27, 2007

O frio com Tlebs dentro...


Três graus negativos, pelas onze horas da manhã... e o frio a zunir-me as orelhas doridas do vento gelado. Tenho que arranjar um garruço quentinho, se isto continua assim... Como se não bastasse este tempo agreste para me gelar o corpo , ponho-me a ler o jornal "Público" , diante de um café quentinho e fica-me gelada a alma... Eu bem tinha prometido a mim própria que não ia falar mais deste assunto que até me causa urticária ( em sentido figurado) , mas ... lá estava na página 22, canto inferior direito, se calhar para niguém ver:

"TLEBS só será suspensa em 2007-2008

O secretário de Estado adjunto da Educação precisou ontem que a experiência pedagógica associada à nova Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário ( TLEBS) só será suspensa no próximo ano lectivo.

Em declarações à Lusa, Jorge Pedreira esclareceu que a portaria que será publicada em Fevereiro só terá efeitos práticos em 2007/2008, ano em que "não vai realizar-se a experiência pedagógica com os alunos, já que não há condições técnicas para isso ".

Na quinta-feira, Jorge Pedreira tinha afirmado à Lusa que no próximo m~Es seria emitida " uma nova portaria a suspender a experiência pedagógica da TLEBS", sem nunca referir que a suspensão só entraria em vigor no próximo ano lectivo."


E a notícia prossegue em mais dois parágrafos.


Eu não sei se a notícia dá para rir ou para chorar, se para uma pessoa se revoltar...


Numa busca rápida na net, verifico que má-fé significa "intenção de prejudicar alguém; falsidade; deslealdade;"


Espero que o meu médico nunca me receite um medicamento que não tenha sido experimentado e certificado. E, no mínimo, espero que, quando dê conta que o medicamento não está certificado, mo retire imediatamente .



Friday, January 26, 2007

Não gosto...

Garantiram-me ( quem sabe destas coisas!!!) que anda alguém a mexer no meu blogue, que por isso tomou esta forma bizarra que é preciso andar numa auto-estrada até chegar aos posts... Mas quem? Como? Porquê? Para quê?

E eu não gosto, não gosto mesmo nada que mexam nas minhas coisas!!! Também não há nada neste simpes e modesto blogue que interesse às pessoas!... Ou há?

Agora, vai ser uma maçada pôr tudo no lugar outra vez...

Três graus abaixo de zero, às nove da manhã!!!

O assobio gélido do vento cresta a pele, corta a carne quase até aos ossos.
O sol, traiçoeiro, reina límpido e zombeteiro. Arrogante e indiferente. Até cair a noite.

Wednesday, January 24, 2007

Transparência


Transparência

e brilho

de cristal

aparência


de um azul

celeste clarinho

gela

no trilho

da terra

parada.

Monday, January 22, 2007

Companhia


Trago
pela mão
a minha alma
angustiada
a escuridão
desesperada
prestes
a desprender-se
em chuva
gelada
ou neve
anunciada.

Sunday, January 21, 2007

Burocracia da Idade Média na era dos computadores última geração ( lá como cá!!!)

Pergunta-se às entidades (in)competentes, como deve ser, os documentos necessários para ir trabalhar para o estrangeiro/União Europeia. Bilhete de Identidade! Apenas. Tão fácil, tão simples que até a pergunta parece estúpida. Respira-se de alívio, que todos os minutos são preciosos para tudo preparar antes de partir.
Chega-se ao país estrangeiro, instala-se uma pessoa, contactos para trabalhar, inscrições na agências de emprego, sem parar. Uma semana depois, começam os contactos. Tens o DN qualquer coisa? Não. Tens que o ter. Onde se pede? Oficina de Extranjeros. Não podes trabalhar sem esse cartão.
Dia seguinte , a tal Oficina. Três horas numa fila para receber dois impressos e preencher e ir entregar à “Comisaria”.
Diálogo surrealista que garanto que, se não aconteceu mesmo assim, foi muito, muito parecido:
Tens uma declaração do local de trabalho?
Não, por isso é que estou a pedir o cartão. Para trabalhar.
Mas, sem a declaração do empregador, não podes pedir o cartão.
Então, como vou trabalhar sem ter o cartão?
Bem, então vais à Segurança Social, pedir o documento x.
Dia seguinte: primeira a ser atendida no balcão da Segurança Social.
Na “ Comisaria” uma enchente.
E depois, seguiu-se o seguinte diálogo que não se passou em Portugal, mas no país vizinho, o tal da economia em alta e garanto, de novo, que não é nenhuma partida do “Gato Fedorento” nem nada…
Ainda precisas da cópia de mais um documento y.
Numa pressa, pediu-se a cópia.
De regresso:
Agora tens que apresentar a cópia do documento z.
Foi tirar-se a cópia do tal dito documento.
Agora, tens que esperar 45 dias!!!
Uma pessoa só não desmaia de espanto e incredulidade, porque tem um arcaboiço forte, embora de aspecto delicado e não propriamente tendência nem vagar para desmaios.

........................................................................................................................................................................
Salomão, onde estás?
Uma juíza, de seu nome Fernanda Ventura, diz-se de consciência tranquila por enviar para a prisão um pai adoptivo, afectivo ou seja, pai, por não revelar o paradeiro da sua companheira ( só faltava que a decisão contivesse um preconceito contra as pessoas a viver em união de facto ou sem facto , como companheiras e não casadas com papel e tal) e da filha adoptiva de ambos.
Agora, parece que não ficou contente e ordenou à PSP ( Polícia que devia ser de segurança ) e à Polícia Judiciária para encontrarem a mãe e a filha custe o que custar e que , caso seja necessário, arrombem a porta ( à força, claro!!!) para entrarem em casa delas e trazerem a menina... também à força, digo eu e que prendam a mulher!!! Mas esta juíza decide tudo isto sozinha ou os colegas dela pensam como ela?
Se as leis , para serem aplicadas, não precisam de ser ponderadas , para que servem os juízes?
Manuel António Pina falou no seu artigo da " Visão " desta semana , como antes e depois dele, outros, de Salomão...

:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

Amigo
No meio de tantas reflexões pessimistas, surgiu num dos meus posts um comentário de um amigo de outros caminhos e, pelos vistos, destes; chegou muito de mansinho e está a descobrir, por esta altura, que me encontrou, por acaso ou foi o sangue a falar?
Vive na blogosfera em http://www.serra-montemuro.blogspot.com/
Foi um prazer formidável!!!

Thursday, January 18, 2007

Por ti


Enrolei
o cachecol
colorido
comprido
de entrançado
grosso
à volta do pescoço
penduradas
as cores variadas
até às franjas
para fingir
que estás aqui
comigo a rir
apertada
num abraço
o espaço

derrubado

para fingir

que a distância

não é nada...

Dia de festa

Dia grande lá pelos lados da ALDEIA em que o SINO não pára de tocar, repicando de festa...com imenso orgulho e emoção desmedida...
Para conhecer as razões de tal alegria, não esquecer de bater à porta de osinodaaldeia ( link ao lado), onde há sempre lições de vida a partilhar ou uma peça de música ou uma gargalhada... e muito mais!!!

Sunday, January 14, 2007

Moinhos de vento


Na cumeeira do monte
passa
o passado
na estrada
romana
nem moinhos
de velas ao vento
nem o grão
estraçalhado
sob o peso da mó
nem farinha branca
nas mãos do moleiro…

Na lonjura
a estrutura
metálica
mecânica
de três braços
desenha no céu
uma imagem
excêntrica…

Uma mulher
sentada
num banco
sozinho
do jardim
fala
às plantas
mirradas
do Inverno…

Um bêbado
da tarde
titubeia
junto ao muro
gritando
frases e risos
de zurrapa.


Salpicos
miúdos
de chuva
cansativa
borrifam
a calçada.

Thursday, January 11, 2007

Nuvens


Arejou o tempo. O horizonte expande-se ao longe para além das fronteiras convencionadas dos homens, sob uma neblina ligeira e nuvens acumuladas em ondas cinza e brancas. Raia o azul do céu, entre o algodão fofo corredio. Telhados alheados, expostos ao sol, brilham cor de laranja escuro. Uma pedra subiu do recreio e estilhaçou o vidro de um carro parado na rua... Um pardal assustado esvoaçou, espavorido, num alarido de asas pequenitas.

Monday, January 08, 2007

vidas que partem


Um gato
espalmado
na estrada
sob o sol
atormentado
notícias
malfadadas
pingas
esparsas
de nuvens
passageiras
encasteladas


arquivos
remexidos
passos
perdidos
em eras
passadas
folhas
carcomidas
e as horas
seguidas
contam
indiferentes
as vidas
das gentes

Sunday, January 07, 2007

Passeio-relâmpago








Na cidade-fantasma, o nevoeiro infiltrou-se em todas as frinchas das casas e das árvores, adensou-se sobre o chão e escorregou pelas lajes de pedra. Estavam isolados havia quatro dias. Isolados não queria dizer impedidos de sair ou entrar na cidade. Simplesmente, significava que não tinham acesso à luz do dia, para já não dizer , ao brilho do sol. Só viam as casas, se estivessem a um palmo das paredes e chocavam com as pessoas enfiadas nos seus agasalhos escuros, em becos perpendiculares e paralelos ao Corgo, que não se vislumbrava, mas se pressentia correr ao fundo da ravina.


Sufocados por esse sentimento impotente de escuridão, foi, com alívio, que saímos, quase em fuga, do nevoeiro e da chuva que caiu de novo pela manhã. Em busca do sol, de horizontes abertos em socalcos magníficos, obra sempre surpreendente da força e vontade de mulheres e homens fora do comum, entre os quais se contam muitos dos nossos antepassados, alguns imigrantes oriundos do então reino da Galiza, especializados na arte de surribar as vinhas. Em busca do Douro, das paisagens espelhadas nas suas águas, com as casinhas e quintas tremeluzentes da dança da corrente, um barco rabelo fundeado em simetria e uma cidade inteira mergulhada, de pernas para o ar.



Almoço da região, a evocar o arroz do forno da nossa Avó – nunca nenhum se comparará algum dia ao dela, porque lhes falta a azáfama da véspera, e, no dia, o acender do forno, como se de um ritual religioso se tratasse com rezas e tudo, o “meter” os alguidares no forno, tapá-los muito tapadinhos e , depois, sair de lá, qual milagre de alquimia, um arroz soltinho, de sabor e textura inesquecível e as batatinhas e o anho, cheios de cores e paladares inebriantes… - com ementa matraqueada numa velha máquina de escrever, com cópias (!!!) a papel químico (!!!)…

E o Douro ali tão perto. E as nossas raízes!

Saturday, January 06, 2007

Primavera em Janeiro



Manhã bizarra
de primavera
em Janeiro

Aragem serena
um sol matreiro

No alto do azul
sulcos brancos
esborrratados
destinos
cruzados

Rosas frescas
vermelhas
fulgentes
na jarra
transparente
na tranquilidade
quente
de um tempo
trocado





Aos passantes...


... é ( quase) obrigatório dar uma voltinha pelo CONTO LIVRE ( link ao lado) . O dono do SINO da ALDEIA deixou lá uma historinha muito eloquente ... para ler, rir e chorar, ou pensar, conforme se achar apropriado ...

Friday, January 05, 2007

Brincadeiras




Festas passadas, foi a casa esvaziando. Primeiro, O Francisco, com os Pais e o cão… Dias depois, os Avós e a filha mais nova. Agora, a Princesa da casa. Para memória, as tardes em conversa e serões à lareira, encostadinhas uma à outra, entretidas em frente à televisão a ver séries policiais. Ontem, antes do jantar, regalámo-nos de riso, a brincar com pincéis, ao som dos Queen, rabiscando, a duas mãos, com tintas coloridas, uma tela, rascunho tosco de uma fotografia … para recordar. Depois, lá foi ela, levada por um comboio, a caminho dos projectos, das incógnitas e dos sonhos. Eu, por aqui fico, na retaguarda…

Thursday, January 04, 2007

Princesas modernas


As princesas modernas são descaradamente independentes. Saem de casa cedo, não para casar, mas para estudar. Estudam cursos muito contemporâneos aliando as ideias às máquinas. Cidadãs do mundo, têm amigos desde o Sri Lanka às praias da Grécia. Embarcam num avião com a mesma facilidade e desenvoltura com que se apanha um autocarro ao fundo da rua. E perdem-nos também. Não têm aias nem pajens. Fazem e desfazem, elas próprias, malas num ápice. Agora, há uma que anda às voltas com caixas e caixotes para despachar, num jogo de selecção entre a obra cuja leitura vai a meio e o jogo de lençóis, o que é uma escolha praticamente impossível. Assim, decide-se pelo pragmatismo, o resto irá chegando à medida, primeiro, das necessidades, depois, dos prazeres. A juntar às malas e maletas que se possam conduzir pelos aeroportos e gares e comboios e metros e ruas, acrescenta o computador portátil e a máquina fotográfica profissional, tudo muito bem acondicionado. Perde-se ainda entre duas listas de amigos com quem tem que jantar, antes de partir e a escolha dos restaurantes. Seguem-se os conselhos que ela me deixa,com ar sabido, para a compra via net dos bilhetes de avião para as visitas que lhe hei-de fazer e que já programámos juntas. Escolhe a imagem que vai, a partir de agora, aparecer no messenger, com a Monserrat Caballé e o Freddy Mercury a cantar a inolvidável canção dos Jogos Olímpicos de Barcelona, pelo ano de 1992, ainda a princesa era uma criança ( eu ainda sou!) . Os cantores aparecem com as gargantas a entoar " Barcelona" e uma pessoa até sente vontade de embarcar nesta aventura. Eu fico abismada com este vai e vem categórico. E dou comigo a pensar que as princesas modernas crescem demasiado depressa! O quarto com janela na calle Aragón está à espera ...

Wednesday, January 03, 2007

Ponte pedonal S. Miguel da Guarda


Esta tarde, ao ler a primeira página do jornal semanal "O Interior", fiquei a saber que a ponte pedonal cuja construção segue em bom ritmo, é apenas a ponte do género mais cara de Portugal!!! fiquei a saber e estarrecida!!! Ou não seria para ficar?!!!

Tuesday, January 02, 2007

Como um amigo encontra o caminho para a emoção ...


e os campos
vestem-se
de roupas
grisalhas
e frias
até que a luz
de uma manhã
acesa por raios
doirados quentes
os mostre
como são verdes
e floridos
em leves trajos
de cores de Março.


autoria: JPG de OSINODAALDEIA ( link ao lado)

Monday, January 01, 2007

Ano Novo


Cinzas
Esquecidas
Numa lareira apagada

Nostalgia
Da despedida
De uma era passada

estremecido
pelo desconhecido
o coração sobressaltado

a esperança
balança
entre a dolência
do primeiro dia
e um salto
para o outro lado
do tempo…